“The past experience revived in the meaning is not the experience of one life only but of many generations – not forgetting something that is probably quite ineffable1”
Depois do baile Jelical, os gatos vão-se juntando, um a um, ao Velho Deuteronomy. Eles vêm de todos os lados e às pingas: pelo palco (os dois primeiros a aparecerem são Coricopat e Tantomile); pela porta/cortina do lado esquerdo à beira do palco (Cassandra) ou então pelo meio do público (Skimbleshanks).
No dia 28 de Outubro, durante o intervalo fiquei a conversar com um dos rapazes (Paulo) que trabalhava no Coliseu dos Recreios. De repente... abriu-se a cortina de rompante... e de lá “saltou” (ou pelo menos pareceu-me) uma gata! Qual a minha reacção? Um salto de susto e um berro tal que ainda hoje ecoa nos meus ouvidos... Olho novamente para a entrada, e que vejo eu?! Uma gata exótica a olhar, perplexa, para mim! Era Cassandra (juro que é Egípcia) e as únicas palavras que consegui articular foram “I’m sorry...” ainda com o coração aos pulos.
Depois da Cassandra voltar para o palco, lá continuei à conversa com o moçoilo, quando de repente ouço um miar... espera um minuto!!! Eu reconheceria aquele miar em qualquer lado do mundo! Olho para trás e o Skimbleshanks está de roda dos meus pais, todo deliciado pois o meu pai mia-lhe e a minha mãe faz-lhe festas. Logicamente os meus pais estavam tão melados quanto o Skimble... Eu virei-me para o Paulo e disse-lhe “Pois, estás a ver a minha sorte... quando devia estar no meu lugar para ter contacto com os gatos... não, estou aqui!” Bem ao menos os meus pais estavam a divertir-se e o resto das pessoas mais perto que estavam a assistir à cena riam-se um bocado, porque realmente foi fantástico e engraçado! E eu confesso que fiquei com uns ciúmes jeitositos!
Mas nem sequer tive tempo para desfrutar desses ciúmes. Enquanto converso com o Paulo, de repente, sinto algo a roçar-me nas pernas... “Mas... o que é isto?!?”, pensei eu. Olhei para baixo e estava o Skimble à volta das minhas pernas, todo dengoso, tal e qual um gato, a roçar-se nas minhas pernas... uma ternura incrível! Simplesmente fantástico! Eu, feita parva, continuei à conversa enquanto me ria... quem pareceu não gostar muito da atenção que dei à cena (ou melhor, falta dela) foi o próprio Skimble! Como se estivesse chateado por eu nada lhe ligar, pega e pimba! Manda-me um encontrão nas pernas com o corpo e vai ligeirinho para o palco!
Eu, que quase caí (obrigada Paulo), espatifei-me a rir mas penso que foi do nervoso que senti por ouvir a maior parte do Coliseu a rir já que tinham assistido à cena em directo e a cores! Fiquei tão vermelha... e cá com uma raivinha! Mas confesso que no fim achei um piadão... embora fique no ar uma vingançazinha que devo ao fabuloso Skimble – John McManus, quando te apanhar digo-te das boas!
Bem, demorou ainda um bocadito até eu voltar ao meu lugar (na verdade o Velho Deut já estava a cantar quando me sentei), mas quando o fiz estava cá com um espírito...
O segundo acto começou então com todos os gatos reunidos à volta do Velho Deuteronomy, num momento de repouso relaxante. O próximo candidato aparece acompanhado por Jellylorum que o ajudou a juntar-se ao grupo. Trata-se de Gus, do qual falaremos na próxima cena. Assim que se senta, Deut recita para os Jelicais (e porque não para nós também) num tom reflectivo o poema chamado “Os Momentos da Felicidade”.
Nas suas sábias palavras, nós “vivemos a experiência, mas evitamos o seu significado, e o abordar do significado poder restaurar a experiência numa outra forma além de qualquer significado que possamos dar à felicidade”. Deuteronomy parece tentar ensinar algo aos gatos, embora para já eles ainda não percebam o quê. De lembrar que no fim do primeiro acto, o velhote foi a única testemunha da dor e vontade de ser aceite de Grizabella. Provavelmente ele está a tentar abrir os olhos dos Jelicais.
Como a mente dos gatos parece não estar disposta a abrir-se para esta mensagem, Deut embarca numa nova táctica: telepaticamente manda uma mensagem a qual é recebida inicialmente por Coricopat. Este em sinal de que a havia recebido, põe-se de gatas a fitar a audiência e levanta a mão direita e estremece-a até Tantomile receber a mensagem, pôr-se de joelhos e finalmente agarrar a mão do irmão... Então Jemima agarrou a mão de Tantomile e levantou-se para cantar a mensagem que Deut acabava de lhes passar: Jemima levou várias pessoas da audiência às lágrimas ao entoar angelicalmente “Memory”2. Ela disse aos Jelicais para olharem para a lua e deixarem as suas recordações levá-los numa viagem até a uma altura em que eles eram completamente felizes... e então quiçá eles consigam encontrar um novo significado nas suas vidas que derive dessa memória.
Jemima, Tantomile e Coricopat ainda estupfactos pelos momentos
que acabaram de viver...
Assim que Jemima acabou de cantar, o contacto quebrou-se e os três gatos olharam uns para os outros tentando perceber o que tinha acabado de acontecer. Mas a mensagem tinha finalmente passado a barreira do incompreensível e todos os outros Jelicais tentavam interpretá-la enquanto faziam ressoar as palavras que Jemima acabava de lhes proferir. E quando parece que realmente tinham atingido o núcleo fulcral da mensagem, todos se levantam e... o momento passou... Perderam a sua concentração e começam a cirandar novamente pela lixeira...
E chega então a vez de Gus ser conduzido até ao centro do palco...
“Until the Jellicle Moon appears we make our toilette and take our repose: Jellicles wash behind their ears, Jellicles dry between their toes. Jellicle cats are white and black, Jellicle cats are of moderate size, Jellicles jump like a jumping jack, Jellicles have moonlit eyes1"
Após alguns momentos de silêncio, este é renegado e sons calmos e melodiosos começam a chegar-nos aos ouvidos, ao mesmo tempo que Victoria e Demeter voltam, a medo, para a lixeira. Está na hora do baile Jelical2 pelo qual tanto esperaram, a grande dança anual onde todos os gatos celebram a sua “Jelicalidade” com a lua a brilhar com todo o seu explerendor. As forças que pouparam durante o ano podem ser agora usadas ao máximo nas suas danças angelicais, profundas e contorcionistas. A felicidade está no ar, e o amor também.
Um a um, os gatos vão-se juntando novamente, embora ainda com alguma precaução, notável nas suas vozes que cuidadosamente começam a ganhar mais vida ao darem início ao cântico onde revelam um bocado mais o que é um gato Jelical, convidando todos aqueles que ainda não estão ali a se juntarem a eles...
Esta cena é uma sequência de dança longa (cerca de quase 9 minutos), bastante arrojada e complexa. O seu ritmo e o seu estado de espírito mudam constantemente e se bem que de vez em quando apenas alguns gatos fazem parte da rotina, a verdade é que ocasionalmente o palco está repleto de gatos: todos os Jelicais estão a dançar para nós, excepto o Velho Deuteronomy que observa omnipotentemente desde o pneu que lhe serve de poiso, isto é, quando não está a passear pela audiência a verificar se estamos todos com atenção e a gostar do espetáculo que eles estão a dar-nos.
Mais ao menos a meio da dança há uma trégua quando todos os gatos se juntam a tirar um pequeno cochilo. Ao se reunirem, mais uma vez a queen branca é deixada um tanto ao quanto entregue a si própria... Plato, a medo, dá uns passos na sua direcção. De início ambos se cheiram temporariamente e esfregam-se um no outro em sinal de carinho. O tom levanta-a acima da sua cabeça e acaricia-a algumas vezes numa pequena sequência de dança3...
Depois desta sequência, o baile ganha uma energia muito viva, especialmente depois de Quaxo, Coricopat e Tantomile denunciarem a presença oculta de Grizabella que observa-os atentamente. Todos eriçados, os Jelicais soam bufos de todo o lado e rapidamente fazem com que a gata de olhar triste desapareça de novo, e o baile continua a um ritmo vertiginoso. No fim os gatos saltam em direcção da audiência (mas sem sair do palco) à medida que a música “salta” também e as luzes acendem-se.
A ovação é geral...
1 “Até à lua Jelical aparecer tratamos da nossa toilette e descansamos: os Jelicais lavam detrás das orelhas, os Jelicais secam entre os dedos. Os gatos Jelicais são brancos e pretos, os gatos Jelicais são de tamanho módico, os Jelicais saltam como um acrobata, os Jelicais têm olhos enluarados”
2 Não posso deixar de dizer: este é um ponto extremamente tocante do espectáculo. Aqui dança-se com destreza, há explosão de luz e de cores, há gatos que se apaixonam e muito inocentemente e com um carinho extremo representam um acasalamento apoiado por todos. Não há um único gato que não participe com alegria e até o Velho Deuteronomy dança como pode. Há saltos espectaculares, elevações no ar, todos aqueles actores parecem feitos de borracha, parecem não faltar efeitos especiais, mas não... é mesmo a agelidade e a desenvoltura desta equipa soberba. Parabéns!
“I believe it is Old Deuteronomy1”
Pouco a pouco tudo volta ao normal. Os gatos estão a “recuperar” dos distúrbios causados por Mungojerrie e Rumpleteazer num palco agitado, mas mais ao menos em silêncio. De repente três gatos dão um salto e erguem as suas cabeças: aperceberam-se de algo no ar. Vem aí alguma mudança? Talvez um barulho ao longe... ou... será que... poderá ser? Quaxo indaga “Velho Deuteronomy?”, a que se segue uma confirmação em tons melódicos uníssenos, entoados pelos gémeos Tantomile e Coricopat: “Julgo ser o Velho Deuteronomy”. Estes três felinos extremamente sensíveis foram os primeiros a perceber que o líder da tribo está a poucos passos deles... A esta deixa, Quaxo desce as escadas do palco e dirige-se, por entre o púlico, até ao velho gato.
Ao aproximar-se a chegada do estimado líder, Munkustrap canta com grande orgulho uma canção que apresenta o velho patriarca. Ele parece dirigir-se mais especificamente aos gatos mais novos já que esta é capaz de ser a primeira vez que ouvem falar do verdadeiro legado do velho gato. Todos os gatos Jelicais o adoram e respeitam. Quase toda a tribo se surpreende quando nada mais, nada menos do que Rum Tum Tugger se junta a Munkustrap para ele mesmo nos falar do grande respeito que tem por ele.
Deuteronomy, contam-nos ambos, foi um gato que viveu vida após vida, é famoso em provérbios e em rimas e enterrou 9 mulheres... se bem que Rum Tum Tugger, com o seu jeito brincalhão, nos revela que se sente tentado a dizer 99! Com a ajuda de Quaxo, Deuteronomy dá os últimos passos entre a sua entrada por uma das portas laterais e o palco enquanto Munkustrap e Rum continuam o seu dueto. A tribo inteira junta-se para com uma enorme alegria lhe dar as boas vindas através de abraços e torrinhas de cabeça. O velhote senta-se num enorme pneu (tipo trono) e diz-nos: “as minhas pernas estão enfraquecidas, preciso andar devagar e ter cuidado com o velho Deuteronomy”.
Munkustrap e os outros gatos preparam-se agora para lhe apresentar uma surpresa que prepararm especialmente para ele...
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