Domingo, 25 de Março de 2007

O estado negro da educação...



Quando eu andava na escola, lembro-me de alguns colegas meus terem apanhado umas réguadas, puxões de orelhas e palmadas porque tinham feito alguma asneira ou até mesmo porque tinham dito uma asneira... ninguém morreu, muito pelo contrário... crescemos aprendendo com os nossos erros, não havia medo em corrigir o que fazíamos de errado e os professores não exageravam nos elogios nem nos castigos... era tudo mais que merecido...

Hoje em dia... ai de quem se atreve a levantar a voz um bocado mais: é abuso! Ai de quem passe a mão na cabeça dos miúdos: está a bater-lhes! Ai de quem lhes dê uma bronca porque fizeram uma asneira: a culpa é do professor! Tudo é culpa do professor... até um cão sarnento é melhor tratado hoje em dia...

O que é feito do respeito, amor e admiração que eram dedicados aos professores, aqueles sólidos tijolos para um futuro melhor? O que aconteceu? Todos sabem o que aconteceu... mas apenas os paizinhos pensam que não aconteceu! Quando eu tiver um/a filho/a vou pedir encarecidamente ao professor que lhe bata quando necessário, que lhe dê um bode quando necessário, que puxe por ele ou ela! Nem que tenha de assinar um documento certificado por um notário a dar autorização! Quero um rebento bem educado e não superficialmente educado...

Eu estou aqui e sobrevivi. Os meus pais também. Os meus avós também... há que pensar, não?

Nas selecções de Novembro 2006 encontrei um artigo sobre o que os professores gostariam de dizer aos paizinhos caso pudessem. Eis aqui um breve apanhado:

86%
«Nos meus tempos de estudante, quando chumbava a culpa era minha, não era dos professores. O seu filho tem de trabalhar mais».

80%
«Ajudar o seu filho nos trabalhos de casa é muito diferente de mostrar-lhe como é que se copia tudo da Internet».

74%
«O seu filho precisa de descontrair depois das aulas. Não faz mal nenhum ver um bocado de televisão».

74%
«Não acredito que fale com o seu filho; 15 minutos por dia bastariam».

66%
«Está muito iludido com as reais capacidades do seu filho».

56%
«É intolerável ter de andar tanto tempo atrás do seu filho para que ele entregue os trabalhos. Isso devia ser tarefa sua».

68%
«Porque terei de abdicar do meu tempo livre, quando os pais nem se dão ao trabalho de aparecer?»

38%
«Estou a gostar muito das suas redacções, mas o seu filho é que devia escrevê-las».

55%
«Por favor, diga ao seu filho para se lavar antes de vir para a escola».

50%
«Não venha queixar-se que o seu filho está sobrecarregado de trabalho. Eu concordo absolutamente».


Alguns casos reais de "incompetência" das novas regras educacionais:
  • É proibido aos professores bater aos alunos, mas é aceitável estes baterem aos professores;
  • Recepção de testes de matemática: o aluno não gosta da nota, reacção? "Não tem livro de reclamações?"
  • É proibido durante as aulas os alunos irem à casa de banho. Pois, deve ser preferível deixá-los humilharem-se à frente dos colegas mijando-se todos... ou então correr o risco do anjinho do papá implorar, sair, e nunca mais voltar que já tinha tudo pronto para se pisgar sem ninguém se aperceber...
  • Durante as aulas... que tal se apetecer ao aluno, ao ver uma aluna toda boa lá fora, abrir uma porta do exterior (fechada à chave), correr uns dois metros, e ir chapar um beijo à miúda e depois voltar para a aula?
  • Quando eu era aluna, se nos apanhavam com uma pastilha elástica, tínhamos de dar 10$00 ajudando assim a contribuir para compra de material para a escola... hoje em dia isso é extorsão... E se hoje em dia um aluno falar a mascar e sair uma deixa do professor tipo, "estás a treinar ser vaquinha ou boizinho na próxima encarnação"... esperemos que o professor não leve um processo por difamação!
  • Pedido de composição sobre o Natal: o aluno escreve apenas uma linha. O professor pede algo mais, "por exemplo, fala como é a preparação, o que sentes, as prendas,..." resposta repentina e abrupta do aluno: "E o que é quer? Que também diga que vou à casa de banho e o que vou lá fazer?"
  • Que educação é essa quando os miúdos fogem pela janela e os professores nada podem fazer por isso?
  • Uma professora mandou os miúdos estudar a tabuada em casa. O miúdo chega a casa e conta aos pais... resposta do pai? "Não me digas que a burra da tua professora não sabe que há calculadoras?"
E como estas há muito mais.... e bem piores... foi para isto que os nossos pais lutaram tanto e tanto se sacrificaram... eu não gostava de acreditar nisso! E tu?
sinto-me: indignada
sonhado por zia às 20:06
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5 comentários:
De Nuno Cruz a 2 de Outubro de 2007 às 01:21
concordo com o que disse. Não em absoluto. Passo a explicar: tenho 22 anos e para muito boa gente da minha geração a escola foi mais um divertimento que outra coisa. Mas no meu caso não. Porque sempre tive bem definido o aceitável e o não aceitável ...mas o caso concreto passou-se no meu 1o ano. Era um miúdo franzino e chorincas.passava a vida a levar de todos. Todo o santo dia a mesma coisa.logico que fazia queixinhas á professora acerca do k se tinha passado. Ela , ao invés de tentar perceber o k se passava, limitava-se a dar-me mais uma chapada por ser queixinhas...não falando da parte de escola propriamente dita.se dava um erro levava...os meus pais fartaram-se e transferiram-me de escola. Passei o meu 2o,3o e 4o anos num ambiente de tolerância e compreensão. Se não sabia tinha de ouvir novamente.
Sinceramente acho que foi bastante melhor na nova escola.
mais, voltei-me a juntar com os meus anteriores colegas no 5o ano e era um dos melhores da minha terrinha.
Ás vezes faz bem um puxão de orelhas. Mas é sempre melhor explicar porque é que o que se fez est á errado que partir pr á repreensão física ...
volto a dizer, concordo consigo. Mas a experiencia faz-me dizer, repreensão física qb .
De João a 17 de Junho de 2007 às 04:25
Custa-me a perceber.
Acho muito bem que critique o estado da educação e a falta de respeito que existe nalgumas escolas.
Mas não compreendo:
É favorável a castigos corporais nas escolas?

Gostou que a sua professora desse reguadas, bofetadas e puxasse as orelhas.
Mas, actualmente, pensa que são defensáveis castigos corporais?
De Luís Miguel Coelho a 28 de Março de 2007 às 16:48
Concordo completamente com este texto. Eu tb sou contra o estado que neste momento se está a transformar a escola. O facto dos miudos (grandes às vezes) irem para a escola com a sensação de impunidade é do pior que pode haver para a educação dos homens (?!) de amanhã.

Eu tenho 34 anos de idade (pois... resisti a reguadas de palmatória, canas, puxões de orelhas) e sou da geração que levou "muita porrada". Embora na altura não tivesse gostado - quem gosta? - tive há pouco tempo oportunidade de ter agradecido à minha prof. da primária esse facto pois me fez mais homem e mais preparado para a vida.

Lembro-me de um professor no ciclo que uma vez nos disse a todos:
"Meus meninos (e meninas), é proibido bater na escola. Mas, se for necessário, eu não bato na escola mas nos alunos."
Resultado: nunca foi necessário.

Para terminar, acabo com um comentário:
A minha geração chamaria a esta de copinhos de leite e queixinhas do papá.
De anasustar a 26 de Março de 2007 às 16:20
Partilho a tua indignação relativamente ao estado da educação no nosso país. Resta-nos saber se haverá hipóteses de melhorar...
De José Gomes a 26 de Março de 2007 às 11:24
É bom saber que ainda há jovens que se preocupam com os problemas do ensino.
E fizemos Abril com prioridade ao ensino - investir no ENSINO, pensávamos, era investir no FUTURO.
Não sei como é que se chegou a este ponto...
Um abraço,
JG

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